quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Estas Maos ( Cora- Coralina) 1889/1885

Olha estas maos
de mulher roçeira
esforçadas maos cavouqueiras

Pesadas ,de falanges curtas,
Sem trato e sem carinho.
Ossudas e  grosseiras.

Maos que jamais calçaram luvas.
Nunca para elas o brilho dos aneis.
Minha pequenina aliança.
- Dei Ouro para o Bem de Sao Paulo.

Maos que varreram e cozinharam.
Lavaram e estenderam
roupas nos varais.
Pouparam e remediaram.
Maos domesticas e remendonas.

Intimas de economia,
do arroz do feijao
da sua casa.
Do tacho de cobre.
Da panela de barro.
Da acha de lenha.
Da cinza da fornalha.
Que encestavam o velho barreleiro
e faziam sabao.

Minhas maos doceiras...
Jamais ociosas.
Fecundas. Imensas eocupadas.
Maos laboriosas.
Abertas sempre para dar,
ajudar, unir e abençoar.

Maos de semeador.
Afeitas a sementeira do trabalho
Minhas maos raizes
procurando a terra.
Semeando sempre.
Jamais, para elas
os jubilos da colheita.

Maos tenazes e obtusas,
feridas na remoçao de pedras e tropeços
quebrando as arestas da vida.
Maos alavancas
na escava de construçoes inconclusas.

Maos peqenas e curtas de mulher
que nunca encontrou nada na vida.
Caminheira de uma longe estrada.
Sempre a caminhar.

*Sem comentarios ,como este poema tocou meu coraçao!!!!

Um comentário:

Daniela Rozzeto disse...

Linda, Mamys! Assim como vc!